segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Mulheres assumem a culpa


Elas trazem para si a responsabilidade de toda a estrutura familiar

Sentir-se culpada parece um comportamento exclusivo das mulheres, ainda mais quando se tem filhos e responsabilidades financeiras. Segundo a psicóloga Izabel Santa Clara, esse sentimento negativo surge da pretensão que há de alcançar a perfeição e, quanto melhor uma pessoa quer ser, menos ela admite erros.
Ela esclarece também que, apesar da estrutura familiar de hoje em dia ter mudado, as mulheres ainda continuam se sentindo as principais responsáveis pelos filhos, marido e casamento. “Penso que até durante um período da relação mãe e filho, a culpa e a maternidade são indissociáveis. Devemos considerar que as mulheres adoram assumir responsabilidades e, consequentemente, culpas, que não são suas.”
A origem dessa culpa é cultural, pois se atribui à mãe a função de ser provedora da felicidade dos filhos. Ela é considerada além de uma referência de afeto, também uma educadora. “Mas quando essa felicidade, por alguma razão, é quebrada ou não acontece, a mãe se sente culpada”, ilustra Izabel.
Essa cultura de afirmar e de cobrar as diversas funções de uma mulher faz com que nasçam situações complicadas em seu dia a dia. “As múltiplas tarefas femininas criam circunstâncias ainda mais angustiantes, como falta de tempo e de disposição para ficar com os filhos, decorrente do estresse e da sobrecarga de trabalho, potencializando o sentimento de culpa.”

Ser mulher é diferente de ser culpada

Para conseguir conviver com os problemas sem se sentir culpada, o melhor a fazer é identificar a origem dessa lástima. “Se é uma cobrança realmente sua, de achar que não está sendo suficientemente boa de acordo com os  seus valores pessoais, sociais, religiosos, o caminho é reavaliá-los. Novos valores estão sendo acrescentados ao papel da mulher, talvez tenha chegado a hora de repensar valores antigos com esses novos”, ensina Izabel.

Outra forma é saber dividir as responsabilidades com o companheiro, para que os problemas também sejam repartidos. “Primeiro a mulher deve deixar de lado a onipotência de que a responsabilidade da relação conjugal e familiar é somente dela e começar a acreditar que o homem não é somente o provedor. Essa relação de homens e mulheres dividirem as tarefas de casa, as contas familiares e os cuidados com os filhos devem ser aprendida diariamente, pois é uma postura relativamente nova.”
Depois de aprender a não ser onipotente e deixar de se cobrar é preciso tomar outro cuidado. “Ela não pode deixar que o sentimento de culpa volte a ter espaço em sua vida. Isso é um processo de aprendizado diário, que precisa ser cultivado na relação e nas coisas mais elementares do dia a dia”, finaliza a psicóloga.

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